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quarta-feira, 4 de junho de 2008

O Bicho Reapareceu

Chico Lira
Após ser nocauteada em 1994 pelo eficiente Plano Real, a inflação voltou a ser tema na mídia em 2002. Naquele ano, a revista Veja alertava: “Como os gigantes, que também nascem pequenos, o dragão da inflação, especialmente o da espécie brasileira, sai do ovo cuspindo um foguinho brando e com uma carinha inocente. Logo, porém, ele se transforma num monstro incontrolável”.
Naquela ocasião, o corte drástico nos gastos públicos e o aumento dos juros pelo Banco Central, impediram que o “foguinho brando” se tornasse um incêndio de grandes proporções.
Agora, o monstro da inflação, que parecia derrotado não só no país, mas no mundo, voltou a assombrar e ser novamente capa da revista de maior circulação no Brasil. E é a Veja de 4 de junho de 2008, quem alerta para uma “inflação importada”, imune às armas que realmente funcionam contra esta praga, que no seu rastro deixa uma erosão no poder de compra, atingindo a base da pirâmide social.
A “inflação importada” vem à tona quando os preços internacionais de produtos básicos e essenciais – entre eles o petróleo, os metais e os alimentos – passaram a subir rapidamente, trazendo uma ameaça não vista desde as crises do petróleo dos anos 70, o que atinge economias sólidas e com antecedentes exemplares de disciplina monetária. A globalização que até a pouco tempo exportava preços baixos, passou a disseminar inflação.
E o que explica esta atual onda inflacionária? Diz a revista Veja, que os primeiros suspeitos são os preços dos commodities. O barril do petróleo que há cinco anos custava 30 dólares, hoje é vendido a 130 dólares, o maior valor desde o segundo choque do petróleo, em 1979. Os metais e alguns produtos alimentícios também tiveram altas superiores a 100%.
Esta alta nos commodities deve ser entendida como um reflexo do crescimento expressivo no consumo mundial, decorrente de um período de enriquecimento sem paralelo na história, que retirou 500 milhões de pessoas da miséria e da pobreza nos últimos 15 anos.
Mesmo com esta alentadora notícia “um banco central zeloso de suas funções não deve deixar nunca que uma economia superaqueça e avance acima de suas possibilidades e que uma alta localizada de preços contamine os índices de inflação”, afirma Márcio Aith, autor da reportagem “O despertar do dragão”, na citada revista.
A partir deste momento, os países terão de retirar do armário suas armas de combate à inflação. A história ensina que esse monstro escapa ao controle sem um ataque fulminante que combine austeridade nas contas públicas e vigilância monetária.

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